Trem lotado, marmita na mão,
em dia de frio e nevoeiro.
Assim apressado e ligeiro,
chegou correndo João.
Nem bem entrou, a porta fechou,
trancando sua cara amassada
em meio a multidão enlatada.
Com o suave balanço até cochilou.
Em sua cabeça dançando
estavam de criança lembranças.
Como Carla e suas tranças,
menina, em sua casa brincando.
Eia que bruta solavanco !
De chofre para o trem na estação,
no colo da velhinha quase cai João.
Perdão, não deu pra segurar o tranco !
Eis que para a composição.
João salta e segue seu caminho,
absorvido na fervilhante multidão.
Rápido subiu no onibus lotado,
a carteira procurou.
Droga, logo hoje fui roubado !
Com o cobrador desenrolou,
para a viagem prosseguir.
Assim no trabalho chegou.
Do chefe foi ouvindo,
a bronca pelo atraso.
Na cara foi tinindo
mas ele não fez caso.
Trabalhando, logo tá na hora do rango !
Arroz com feijão
e um disco voador.
Não tá mole não !
Uma dureza de horror.
Que doce apito afinal,
trabalho agora só segunda.
Finalmente em casa com o pessoal !
Êta trem atrasado,
vou sair com a Raimunda
no primeiro feriado.
No balanço do trem,
João só dormitando,
cansado como ninguém.
Depois de duas horas de viagem,
andando pela rua,
olhando uma baita lua
e todo doído de friagem.
Em casa chega João,
sua filha Carla vem correndo,
seus doces logo querendo,
mal o pai vê no portão.
Um beijo em sua filha
todo o cansaço vencendo,
a longa escada descendo,
querendo logo vêr a família.
O despertador a berrar,
danada de vida dura.
Chave na fechadura,
já vai João trabalhar !
Autor : Kleverson
segunda-feira, agosto 01, 2005
João.
Postado por Kleverson Neves às 6:22 PM
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